O Dia Chuvoso






Nuvens sombrias juntam-se rápidas sobre a franja negra da
floresta.
     Ó criança, não saias!
     As palmeiras à beira do lago embatem as suas cabeças
contra o escuro céu; os corvos com as suas asas arrastadas 
silenciam-se nos ramos de tamarindo, e a margem oriental do rio
é assombrada por uma melancolia mais profunda.
     A nossa vaca está a mugir alto, os laços em cima do muro.
     Ó criança, espera até que eu a traga para o estábulo.
     Homens juntaram-se no campo inundado para apanhar os peixes
quando escapam dos lagos transbordantes; a água da chuva
vai correndo em trilhas pelas ruas estreitas como um garoto rindo 
que fugiu para arreliar a mãe.
     Ouve, alguém grita pelo barqueiro no váu.
     Ó criança, a luz do dia é fraca, e a travessia na balsa
está fechada.
     O céu parece andar rápido sobre a chuva correndo louca ; 
a água do rio é impaciente e alta; mulheres vindas do Ganges
com os jarros cheios apressaram-se a chegar a casa.
     As lanternas da noite devem estar acesas.
     Ó criança, não saias!
     O caminho para o mercado é desolado, a pista para o rio é
escorregadia. O vento brame e luta entre os ramos de bambú
como um animal selvagem numa rede enlaçado.




Rabindranath Tagore - 215 poems
Classic Poetry Series - PoemHunter.Com 
The World's Poetry Archive, 2012.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa