O Marinheiro






A barca do barqueiro Madhu está atracada no cais de Rajgunj.
    Está inutilmente carregada de juta e jaz há muito tempo
ociosa.
    Se me emprestasse a sua barca, deveria equipá-la com
cem remos e cinco, seis ou sete velas içadas.
    Nunca deveria conduzi-la a estúpidos mercados.
    Deveria navegar pelos sete mares e pelos treze rios do
país das fadas.
    Mas, mãe, não vais chorar a um canto por mim.
    Não vou para a floresta como Ramachandra para regressar
após catorze anos apenas.
    Vou tornar-me o príncipe da história e a minha barca encher com
tudo o que quiser.
    Vou levar o meu amigo Ashu comigo. Vamos alegremente navegar 
através dos mares e dos treze rios do país das fadas.
    Vamos zarpar à luz da manhã.
    Quando ao meio-dia estiveres a banhar-te na lagoa, estaremos na
terra de um estranho rei.
    Passaremos pelo vau de Tirpurni e deixaremos para trás o
deserto de Tepantar.
    Quando regressarmos, estará escurecendo, e contar-te-ei
tudo o que vimos.
    Atravessarei os sete mares e os treze rios do
país das fadas.



Rabindranath Tagore - 215 poems
Classic Poetry Series - PoemHunter.Com 
The World's Poetry Archive, 2012.
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa