"Vem e contrata-me", gritei, quando pela manhã caminhava na calçada de pedra da estrada.
Espada na
mão, o Rei veio em sua carruagem.
Segurou a
minha mão e disse: "Vou contratar-te com meu poder".
Mas o seu
poder nada contava, e retirou-se em sua carruagem.
No calor
do meio-dia, as casas permaneciam à porta fechada.
Vagueei
pela viela tortuosa.
Um velho aproximou-se
com a sua bolsa de ouro.
Ponderou e
disse: "Vou contratar-te com o meu dinheiro".
Pesou uma
a uma as suas moedas, mas recusei.
Era noite.
A cerca do jardim estava toda em flor.
A leal
camareira veio e disse: "Vou contratar-te com um sorriso".
O sorriso esmoreceu, derreteu-se em lágrimas, e foi-se sozinha na noite.
O sol
brilhava na areia e as ondas do mar quebravam-se rebeldes.
Uma
criança estava sentada a brincar com as conchas.
Ergueu a
cabeça, pareceu conhecer-me, e disse: "Vou contratar-te com nada".
Doravante,
esse contrato celebrado num jogo infantil fez de mim
um homem livre.
um homem livre.
Rabindranath Tagore - 215 poems
Classic Poetry Series - PoemHunter.Com
The World's Poetry Archive, 2012.
Classic Poetry Series - PoemHunter.Com
The World's Poetry Archive, 2012.
Versão Portuguesa © Luísa
Vinuesa